domingo, 21 de setembro de 2008

Reunião do GT - Semana de 22 à 26 de Setembro

Dessa vez com um pouco mais de antecedência, segue a agenda do GES pra semana que vem:


Terça-feira, dia 23/09, às 13h e, num horário alternativo, às 17h.

cabe lembrar, as reuniões acontecerão embaixo do Bloco O do ICHF, pra quem não conhece (!!!) segue o endereço:

Universidade Federal Fluminense.
Campus do Gragoatá, s/n, Bloco O
Gragoatá
24210-350 - Niteroi, RJ - Brasil

mais informações:
Felipe Valença : 21 8307-6763
ou
Matheus : 21 9395-8593

Axé!

Zumbido


Ótimo o texto do Luis Guilherme e, para que as pessoas possam se inteirar do que se fala, tomo a liberdade de complementar a postagem com o download do álbum:

Para fazer o download, é só clicar na imagem.

Vale a pena ter esse disco, que tem algumas passagens célebres, como : "Se o homem nasceu bom, e bom não se conservou,A culpa é da sociedade que o transformou." Da música "Chico Brito", de Afonso Teixeira e Wilson Batista.


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Organizando a Cultura: Dialogando com Gramsci, cantando com Paulinho da Viola.



Eu não vivo do Passado, o passado vive em mim.Paulinho da Viola




O golpe civil-militar de 1964 havia aprofundado a política econômica (de arrocho salarial e endividamento externo) iniciada desde o Governo do Presidente JK (Mendonça, 1986) Paradoxalmente, no chamado “Campo da Cultura” os movimentos de esquerda se faziam cada vez mais marcantes e se tornavam dominantes numa sociedade desigual e marcada pelas contradições sociais inerentes ao capitalismo, e que vivia sob a égide de um governo claramente de “direita.” De toda forma, os chamados “Festivais da Canção”, marcados pela presença da classe média contrária ao regime, ganhavam enorme força acentuando ainda mais essa dicotomia. Nesse contexto, polarizavam-se as tendências na MPB. De um lado, o CPC da UNE (centro popular de cultura), claramente inspirado em postulados isebianos, assumia uma tendência nacionalista contrária ao Imperialismo Yankee. O CPC adotava uma postura, de certo modo, elitista, na medida em que, num dualismo característico do pensamento das “vanguardas”, diferenciava “cultura popular”, ou seja aquela produzida pelas massas alienadas, a uma outra de “tipo autêntico”, isto é, aquela produzida por jovens intelectuais de sentimentos “nacionais e puros”, que, de modo quase “messiânico”, iriam resgatar as massas e mostrá-las o verdadeiro caminho. De outro lado estavam os tropicalistas, que criticavam amplamente os costumes da sociedade moralista brasileira e que incorporaram as mais diversas tendências externas. Uma forma de canção plenamente de acordo com o momento que nossa economia passava de “abertura” do mercado para o capital estrangeiro. Segundo Eduardo Granja Coutinho, professor e pesquisador da ECO-UFRJ, “compreendendo a música popular como fato eminentemente estético, o tropicalismo opera um deslocamento da questão política.” (Coutinho, 2002).




Nesse mesmo momento, surge um compositor “jovem de grande valor” que não seguia a risca essas tendências majoritárias na época: Paulinho da Viola. Em primeiro lugar para compreender tal questão é preciso pensar Paulinho da Viola como um verdadeiro “organizador de uma cultura”, como um “intelectual orgânico”. Valho-me aqui da noção de Gramsci de intelectual, como aquele que organiza a “vontade coletiva”, recuperando as tradições e valores de uma cultura efetivamente não hegemônica (Gramsci, 1978). Toda a carreira de Paulinho da Viola é marcada por uma profunda articulação entre ele a comunidade subalterna do “samba”. Dessa forma, a práxis de Paulinho sempre se deu no sentido de resgatar as tradições de uma comunidade não hegemônica, sistematizando um conhecimento contrário à lógica hegemônica do capital. Por conseguinte é possível aferir que Paulinho efetivamente adotava uma posição de luta e resistência, uma posição “nacional-popular”. Para exemplificar tal questão podemos tomar aqui dois momentos fundamentais da carreira do compositor: a fundação da “velha guarda da Portela” e o importante papel na reconstituição do grupo de choro Época de Ouro, que demonstram claramente a importância que o compositor dá a memória das comunidades. De todo modo é preciso compreender como Paulinho da Viola pensa a própria historia para verificar elementos mais concretos de resistência. A tradição para Paulinho não é entendida como algo puro e que, portanto, deve ter a sua essência conservada. Na verdade, a tradição não é estática, mas sim algo que se refaz constantemente. Num momento duplo de dialética, o velho e o novo aparecem como elementos fundamentais de Paulinho da Viola. Se, por um lado é herdeiro das “bambas” do Estácio, como Ismael Silva e Noel Rosa, por outro compõe músicas utilizando um sintetizador ao lado de compositores como Caetano Veloso. O passado e as tradições populares, para o nosso sambista, são efetivamente vivos no presente. Conservação da memória popular e culto ao passado são efetivos antônimos. Citando Eduardo Coutinho, “para Paulinho popular não é sinônimo de massificante ou folclórico; popular é, fundamentalmente, o não hegemônico, o que está à margem (...) A defesa do samba e do popular como linguagem de expressão da vida comunitária caracteriza sua atividade como músico e como “organizador da cultura.”




Nesse sentido, podemos entender a gravação do LP Zumbido, em 1979, como um marco efetivo de resistência negro-proletária do sambista. Dirá Paulinho que Zumbido é uma “coisa que incomoda”, nesse LP “a afirmação do samba carioca como fator de um grupo social está expressa claramente, ao nível de conteúdo, enquanto consciência política” (Coutinho, 2002). Ainda buscando exemplos de resistência na obra do sambista, destacamos as canções “Uma história diferente”, que conta a história de um negro “diferente”, ou seja, que busca afirmar a sua cultura, e a letra de “argumento”.





Tá legal, eu aceito o argumento


Mas não maltrate o samba tanto assim


Olha que a rapaziada está sentindo a falta


De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim


Sem preconceito ou mania de passado


Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar


Faça como um velho marinheiro


Que durante o nevoeiro toca o barco devagar



Nessa canção, Paulinho a um só tempo, critica tanto aqueles que visam a conservação da “essência do samba”, ou seja, os nacionalistas conservadores, quanto aqueles que buscam assimilar a-criticamente uma forma americanizada de música. Ao contrário de ambas as tendências, Paulinho atua numa postura verdadeiramente “nacional-popular”, porque demonstra “a capacidade de distinguir entre o válido e o não válido no seio do patrimônio cultural universal” (Coutinho, 2005). Dialoga com aquilo que é externo, “aceitando o argumento”, da mesma forma que busca preservar um patrimônio histórico local, “quando a rapaziada sente a falta”.
Paulinho atuou no sentido de propor uma estratégia própria de resistência. Eu diria ainda mais: uma estratégia gramsciana. Como nos mostra o sábio Eduardo Coutinho, Paulinho leu os escritos do filósofo da Sardenha. Recuperar valores e costumes não hegemônicos e a intima articulação entre intelectuais e povo são valores que norteiam tanto a reflexão gramsciana quanto a práxis do sambista da Portela. Em meio a um diálogo entre “elitistas” e “entreguistas” Paulinho foi a voz que cantou diferente.





COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil: ensaio sobre idéias e formas. Rio de Janeiro, Editora DP&A, 2005.
COUTINHO, Granja Eduardo. Velhas histórias, memórias futuras: o sentido da tradição na obra de Paulinho da Viola. Rio de Janeiro: Editora UERJ, 2002.
GRAMSCI, Antonio. Os intelectuais e a organização da cultura. São Paulo: Civilização Brasileira, 1978.
MENDONÇA, Sonia Regina de. Estado e Economia no Brasil: opções de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Graal,1986.




Texto do amigo Luis Guilherme Porto Rocha postado 19/02/2007 na Revista "A Roda" do curso de História da Universidade Federal Fluminense. Segundo ele muitas de suas opiniões colocadas aqui se modificaram. Segue abaixo a capa do CD Zumbido:






Os amigos que o quiserem me enviem um e-mail declarando o interesse. Abs!

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Reunião do GT - Semana de 15 à 19 de Setembro

Sabemos que está um pouco em cima da hora, mas seguem os horários das reuniões do GT dessa semana:

Terça-feira, dia 15/09, às 13h
e
Quinta-feira, dia 17/09, às 17h


em ambos os dias, cabe lembrar, as reuniões acontecerão embaixo do Bloco O do ICHF, pra quem não conhece (!!!) segue o endereço:

Universidade Federal Fluminense.
Campus do Gragoatá, s/n, Bloco O
Gragoatá
24210-350 - Niteroi, RJ - Brasil

mais informações:
Felipe Valença : 21 8307-6763
ou
Matheus : 21 9395-8593

Axé!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Valha-me o samba!

A tristeza
é senhora.
Bamba que é bamba
também chora.

Malandro molha a navalha
com sangue de nêgo besta,
suor de muito trabalho
e orvalho que cai dos olhos.

Valha-me o samba!
Que a tristeza não me vale
se não vira poesia.

Um nêgo de verde e rosa
me cravou no peito um espinho:
"Ouça me bem, amor,o mundo é um moinho".

A viola do Paulinho
me cantou um fim de amor.
Mas de repente "Portela!"
uma voz anunciou.

A dor no samba é assim:
Bate coração no surdo
Chora o couro da cuíca
Cavaquinho encanta a alma
e a tristeza se transmuta.

Encham-se os copos!
Pra dor, no samba, se sorri.
Dancem os corpos!
Deixem de lado o baixo astral!
Samba, morena...
que eu não vim só pra assistir.
Valha-me o samba!
Me fez da vida carnaval.


Da minha companheira Bárbara Araújo Machado.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Luz do Vencedor

Bem, seguindo no projeto de que se crie uma intimidade maior com o mundo do samba, hoje trazemos ao blogue um que é considerado por muitos o maior, se é que existe, sambista de todos os tempos e que se encaixa perfeitamente em nossos propósitos por sua grande consciência e engajamento não só na música mas no que se pode chamar de um "movimento samba", um misto de consciência social e resistência social numa época que os "novos movimentos sociais" ainda engatinhavam lá pela terra do Tio Sam e nem se pensava muito nisso pelos lados de cá. Com vocês: Mestre Candeia.

Figura genial, polêmica e hoje já pertencente ao mundo dos mitos (como atesta a história de seu atentado), Antônio Candeia Filho nasceu em 17/8/1935 no Rio de Janeiro e faleceu em 16/11/1978 na mesma cidade. Desde criança teve contato com o samba (por intermédio de seu pai, flautista) e, ao longo do tempo, teve contato com os mais diversos aspectos da cultura negra, quais sejam a capoeira, o candomblé e as escolas de samba.

Celébre no mundo do samba (com seu primeiro enredo a Portela alcançou a nota máxima em um desfile, em 1953, com o samba Seis Datas Magnas), Candei também foi uma figura controversa, em 1961 entra para a polícia, o que gera um certo desconforto da parte de seus parceiros de boemia, que lhe acusavam de truculência, diz-se que chegou a enquadrar seu própio irmão!!

Mas devemos lembra de Candeia por seu excelência nesse ritmo mor da cultura brasileira e pela sua luta pela proteção da cultura do povo, sua memória e protagonismo social. Politizado, Candeia funda em dezembro de 75 a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. Numa frase famosa, afirma: “Liberdade demais dá cadeia." Não foi à toa que o Mestre foi alçado ao panteão dos mitos urbanos do Rio de Janeiro.

Uma das facetas que confirma sua celebridade e a certa mística que o cerca é a história da tragédia que mudaria sua vida para sempre. Diz-se que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, leva um tiro na espinha que paralisaria para sempre suas pernas que o levaria a entrar em um período de certa reflexão e reclusão.

Por volta de 75, Candeia volta à ativa. Funda a Escola de Samba Quilombo, compôe seu incrível Testamento de Partideiro e retorna às rodas de samba.

O Mestre vem a falecer em 1978, ano em que grava seu disco Axé, que ainda hoje é considerado um dos mais importantes da história do samba.

Sua obra continua dinâmica até hoje, sendo gravado e regravado por nomes como Cartola (outro grande!), Marisa Monte, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho entre outros.

Para mais detalhes de sua biografia, clique aqui.



Para o download do histórico disco Axé, clique na imagem.

terça-feira, 9 de setembro de 2008


Salve,Salve!Bem vindos ao mais novo espaço destinado a estudos,curiosidades e dicas acerca deste,que é,sem dúvida,o mais saudoso e respeitável estilo de música que existe:o nosso bom e velho samba.O projeto do Grupo de Estudos do Samba ainda está engatinhando,as pautas da primeira reunião estão prestes a serem discutidas mais a fundo,materiais dos mais diversos tipos estão sendo coletados,tais como documentários,filmes,fotos,livros raros,textos etc.Sem mais,despeço-me,mas não sem antes deixar uma boa indicação para os amantes de sambas enredo,sobretudo os que estão concorrendo para o carnaval de 2009.Um abraço e até!

Peço desculpas pessoal,mas está dando errro na postagem do link, de qualquer maneira copiem e colem galeriadosamba.com.br